Guia para fortalecer as forças anímicas em época de pandemia

 

Atitudes para cada dia da semana

Como unidade de tempo, a semana tem sua origem no Gênesis que descreve a criação do mundo em setes dias.

Os dias da semana receberam seus nomes dos setes planetas que com suas órbitas imprimem movimento ao sistema solar e impulsionam o desenvolvimento do ser humano e da terra.

O nosso processo de desenvolvimento e crescimento pessoal ocorre nestes grandes e pequenos ritmos cósmicos e os mesmos princípios e leis que que regem o universo ordenam também as forças dos nossos corpos astral e etérico. O número sete funciona como uma medida de tempo relacionada a processos de aperfeiçoamento do caráter e sustentação da vida anímica do nosso corpo astral em momentos de crise. 

O corpo astral é descrito por Rudolf Steiner como uma nuvem luzente colorida no formato oval em cujo centro encontra-se o corpo físico do ser humano. Ele se estende do interior da cabeça até o centro do corpo. Assemelha-se à uma espécie de corpo autônomo, provido de certos órgãos que na antiga tradição esóterica foram denominadas de “chacras” ou, metaforicamente de “flores de lótus”. São sentidos astrais, órgãos sensíveis da alma. Eles sustentam, não apenas o nível de autoconsciência, mas são a base para a expansão da consciência em níveis superiores.

No ser humano que ainda não iniciou seu processo de autodesenvolvimento estas flores de lótus apresentam-se escuras e imóveis. Nas pessoas que trabalham em prol do próprio desenvolvimento elas vão se tornando brilhantes e se pondo em movimento. Quanto mais o ser humano progride em sua evolução tanto mais estruturado se tornará o seu corpo astral.

No corpo etérico, os chacras são considerados os órgãos espirituais da vida. Eles regulam os processos vitais, sustentam a força vital e a energia necessária para a manutenção, funcionamento e saúde do corpo físico. Cada chacra abastece um suplemento de energia para uma determinada área do corpo e seus órgãos. 

O corpo etérico é descrito como uma forma de luz composta de correntes de energia que se interpenetram de maneira vibrante e oscilante. Ele extrapola a forma do corpo físico em alguns centímetros.  

Os ensinamentos de Rudolf Steiner são distintos do tradicional e antigo ensino do desenvolvimento dos chacras. Ele descreve que o primeiro estágio de evolução dos chacras ocorreu no nível do corpo etérico na direção ascendente. A segunda fase da evolução destes órgãos ocorre atualmente no nível do corpo astral e na direção reversa descendente.

Em seu livro O conhecimento dos mundos superiores Rudolf Steiner faz referências a todos os chacras e sugere exercícios sistemáticos para o desenvolvimento do Chacra do Coração (a Trilha dos Seis Passos) e do Chacra da Laringe, o conjunto das atitudes relacionadas com os dias da semana. 

Ele coloca o Chacra do Coração no foco dos seus ensinamentos por considerar o seu desenvolvimento de suma importância para o momento atual. Na região do coração físico se formará, no futuro, um novo centro do organismo humano que assumirá a tarefa que atualmente é realizada pelo cérebro. Ele denomina esta atividade “o pensar com o coração”. 

Em um próximo texto vamos falar da Trilha dos Seis Passos. Hoje vamos nos dedicar ao cultivo das predisposições para os dias da semana, as quais fortalecem a vida anímica em época de grandes riscos e medos. Elas proporcionam coragem e equilibrio interno. 

São cuidados e atenções a certos processos anímicos que geralmente executamos de forma distraída e despreocupada.

De início, todos os dias, ao acordar, concentre-se por alguns minutos na conduta proposta.  Ao longo do dia volte a se conectar algumas vezes com a qualidade do dia. A medida em que a prática se torne constante, as atitudes serão incorporadas na sua vida cotidiana.

Domingo – A decisão certa

Decidir-se, mesmo em relação aos atos mais insignificantes, somente com base em uma ponderação fundamentada, livre de simpatias ou antipatias. Afastar da alma todo o agir impensado, todo o fazer desprovido de significado. Deve-se sempre ter para tudo, razões bem ponderadas. Deixar de fazer aquilo que carece de um motivo significativo. Se estivermos convencidos da retidão de uma decisão tomada, devemos ater-nos a ela com toda a firmeza de ânimo. Isso é o chamado “Juízo certo”.

Domingo:  Dia do Sol. O “juízo certo” é uma prática para desenvolver a consciência das escolhas que fazemos na vida.

Segunda feira – A palavra certa

Dos lábios de quem aspira ao próprio desenvolvimento, só deve emanar o que tiver sentido e significado. Todo falar só por falar, por exemplo, com a intenção de fazer passar o tempo, deveria ser evitado. De um lado, devemos evitar o tipo de conversa onde se fala de qualquer assunto numa mistura inconsequente. Por outro lado, não devemos nos excluir da convivência com o próximo. É justamente no contato com outros que a conversa deve assumir um caráter significativo. Que se dê resposta a qualquer interlocutor, mas de forma pensada, em todos os sentidos. Nunca falar sem ter motivo! Gostar de silenciar! Procurar falar nem demais, nem de menos. Primeiro escutar, digerir e depois falar. Este exercício chama-se “a palavra certa”.

Segunda feira. Dia da Lua.  A “palavra certa” é uma prática para desenvolver a consciência dos padrões de comportamento que repetimos sem questionamento.

Terça feira A ação certa

As nossas ações exteriores não devem perturbar as pessoas no nosso entorno.

Quando nosso íntimo (consciência moral) nos leva a agir, devemos ponderar cuidadosamente sobre a melhor maneira de corresponder ao bem do todo, à felicidade permanente do próximo, à essência eterna. Quando atuamos por iniciativa própria, ponderar de antemão os efeitos da nossa atuação.

Isso também é chamado de “a ação certa”.

Terça feira. Dia de Marte. A “ação certa” é uma prática para desenvolver a empatia e generosidade necessárias para equalizar a força marciana.

Quarta feira – O ponto de vista certo

A organização da existência. Viver de acordo com a natureza e com o espírito. Não se dissipar nas ninharias exteriores da vida. 

Não se deixar absorver pelas futilidades da vida externa. Evitar tudo o que traz inquietude e agitação. 

Considerar a vida como um meio para o trabalho, para a elevação e agir de acordo. Não atuar apressadamente, mas tampouco ficar indolente. Fala-se também, nesse sentido de “o ponto de vista certo”.

Quarta feira. O “ponto de vista certo”. Dia de Mercúrio .O ponto de vista certo é uma prática para desenvolver o foco,  essencial para equilibrar as qualidades ágeis mercuriais.

Quinta feira – O anseio correto

Devemos ter cuidado de não empreender nada que ultrapasse as nossas forças, mas tampouco de deixar de fazer o que está dentro das nossas possibilidades.

Olhar para além da tarefa imediata ou da agenda do dia a dia. Fixar metas e ideais ligados com as suas aspirações mais elevadas. Por exemplo: procurar desenvolver-se através dos exercícios aqui indicados e assim poder apoiar as pessoas, mesmo se não for em situações imediatas.

Exercitar “o anseio correto” pode significar “transformar todos os exercícios precedentes em disposição duradoura”.

Quinta feira. O “anseio correto”. Júpiter. O anseio correto proporciona conexão com o significado maior das coisas. Com o que está além do sistema no qual estamos inseridos e das engrenagens que nos movem ou amarram.

Sexta feira – A memória certa

A aspiração de aprender da vida o máximo possível.

Nada ocorre que não se preste às experiências úteis para a vida.

Se fizermos algo de forma errada ou incompleta, isto será a motivação para fazer algo semelhante, no futuro, de forma correta. 

Observando outros agirem devemos olhá-los sob o mesmo critério (nunca com um olhar insensível). Não devemos fazer nada sem lembrar vivências que nos podem ser uma ajuda em nossas decisões e realizações. Pode-se aprender muito, inclusive das crianças.

Este exercício chama-se também “a memória certa”.

Isto é, a lembrança do que se experimentou e do que se aprendeu.

Sexta feira.  A “memória certa”. Vênus. A memória certa é uma prática que desenvolve a compaixão necessária para superarmos as nossas simpatias e antipatias na relação ao mundo exterior.

Sábado – A opinião certa

Prestar atenção aos pensamentos, às representações mentais. Só considerar pensamentos relevantes. Aprender, paulatinamente, a distinguir nos pensamentos entre o que é essencial e o que é acessório, entre o eterno e o efêmero, entre a verdade e a mera opinião. 

Ao escutar o discurso do próximo procurar ficar totalmente quieto no íntimo e renunciar a algum consentimento, mas principalmente, a todo julgamento negativo (crítica, renegação).

Isto é a chamada “Opinião certa”.

Sábado. A “opinião certa”.  Saturno. A opinião certa é uma prática de humildade e não julgamento que nos ajuda a  encontrar respostas para além das que conhecemos. 

Resumo - A correta contemplação

De vez em quando olhar para o próprio interior, nem que seja durante cinco minutos por dia, sempre a mesma hora.

E, ao fazê-lo, aprofundar-se em si mesmo, apreciar cuidadosamente as normas da própria existência. Analisar mentalmente o próprio conhecimento. Ou, se for o caso, ponderar sobre os deveres, refletir sobre o conteúdo e a verdadeira finalidade da vida. Sentir um autêntico desagrado a respeito das suas imperfeições. Numa palavra, cabe-nos descobrir o essencial, o duradouro e fixar metas que a isso correspondam. Por exemplo: a meta de adquirir determinadas virtudes. 

Não devemos cair no erro de pensar que realizamos algo de forma perfeita, mas sim aspirar sempre a algo além, em consonância com os mais elevados ideais.

Isto chama-se também “a correta contemplação”.

Saiba mais:

A descrição do corpo astral e das flores de lótus encontra-se no capítulo “Sobre alguns efeitos da Iniciação” do livro: O conhecimento dos mundos superiores de Rudolf Steiner. Editora Antroposófica.

As indicações de atitudes para os dias da semana encontram-se em um livreto publicado em 1999 pela Editora Antroposófica.  Intitulado: “Para os dias da semana” tradução feita por Rudolf Lanz da edição alemã "Anweisungen für eine esoterische Schulung". Edição limitada e provisória para leitura individual ou em grupo.

Imagem: Enlivening the Chacra of the Heart de Florin Lowndes – Sophia Books. Rudolf Steiner Press.

Edição deste texto: Edna Andrade e Luna Weyel

 
 
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